Os apaixonados por música e pelos discos
(e reforce-se a palavra a apaixonados, e não os meros ouvintes de música) podem
dividir-se em duas categorias. De um lado aqueles que tomam uma posição mais
passiva perante essa sua paixão, idolatrando-a, respirando-a, sorvendo-a,
vivendo em torno dela, mas limitando-a à busca incessante daquele disco,
daquela peça que falta na colecção eternamente inacabada, tomando a posição de
ouvinte, coleccionador, melómano...o que lhe queiram chamar! Do outro lado
temos aqueles que, para além de partilharem muitas das características dos
atrás descritos, tomam uma posição mais activa perante a música, quer seja
enquanto músicos, quer seja enquanto investigadores, estudiosos, jornalistas,
fotógrafos, técnicos, enfim, o que realmente importa é sentir que participamos
da paixão, que nos alimentamos dela e que ela alimenta-se de nós, que fazemos
parte de algo, que damos um pouco de nós em prol daquilo em que acreditamos e
que corre nas nossas veias, que faz parte do nosso código genético. É nesse
perfil que se encaixa o José Carlos Santos, um inveterado apaixonado pela
música que, desde cedo, procurou participar activamente dessa sua paixão. Fá-lo
como jornalista e fotógrafo em diversas publicações nacionais e internacionais
ligadas ao metal e a sonoridades mais extremas e alternativas, actividade essa
que, aos 34 anos de idade, lhe confere uma excepcional amplitude de pensamento
e conhecimento sobre música, uma mente invulgarmente aberta e lhe permitiu
contactar com realidades e pessoas tão distintas que lhe proporcionaram muitas
histórias para contar e ensinamentos, curiosidades e opiniões para partilhar. A
exemplo do que temos feito com outros entrevistados, damos hoje a conhecer a
faceta de coleccionador do José Carlos, sendo que está guardada uma segunda
parte desta entrevista que explora o âmago do jornalista, do fotógrafo, do
crítico e, acima de tudo, do fã. Enjoy!