terça-feira, março 28, 2006

em entrevista...HYUBRIS

Os Hyubris têm vindo a ser uma das jovens bandas nacionais mais faladas nos últimos tempos, não só pela qualidade e originalidade do seu disco de estreia homónimo, como pelos mágicos concertos que a banda protagoniza. O Opuskulo procurou conhecer melhor esta banda e desevendar alguns dos segredos do seu imaginário repleto de lendas e paixões. O guitarrista Jorge Cardoso e o baterista Lulla foram os nossos interlocutores.

Começo por te perguntar como correram as gravações deste disco homónimo e se este corresponde às vossas expectativas?

As expectativas em relação à gravação do álbum concretizaram-se visto que o objectivo principal era captar a essência harmónica e melódica que até aí tínhamos vindo a construir. Encontrámos uma equipa de trabalho de braços abertos que respeitou na íntegra, quer as limitações da banda, quer as ideologias já adquiridas.

Editaram há cerca de 2 anos um EP, «Desafio» já num formato profissional e resolvem agora aprimorar ainda mais o vosso trabalho neste longa duração de estreia. Achas que um trabalho mais cuidado a todos os níveis pode atrair mais atenções?

Acreditamos que é decisiva a aposta num produto final de qualidade. Num mercado cada vez mais competitivo e numa era onde a pirataria informática impera, tem de se tentar oferecer um produto diferente, mas acessível a quem o queira adquirir.

Como surgiu o nome Tommy Newton para a masterização do vosso disco ?

Tommy Newton está no Top 10 de produtores, e uma vez a oportunidade criada, não hesitámos. Mediante alguma inexperiência e algumas lacunas que pudéssemos ter no produto final de gravação, Tommy Newton foi uma mais valia para o colectivo, o que nos deu uma dose extra de confiança.

Como têm estado a correr as coisas em termos de reacções e vendas do novo disco até à data? Há já algum feedback internacional, ou os vossos horizontes a curto prazo ainda não passam por aí?

A nível nacional a aceitação está a ser óptima, excedendo até as nossas expectativas. Toda a promoção e divulgação feita por nós e pela Recital Records tem estado em uníssono com metas e objectivos definidos. A nível internacional só agora demos os primeiros passos, o processo de divulgação é o mesmo mas ainda não obtivemos retorno.

A vossa sonoridade é extremamente original, logo difícil de catalogar! Podes descrever a quem não vos conhece aquilo que pode encontrar em Hyubris?

Pensamos que contrabalançar peso e melodia é uma fórmula que nos agrada em termos criativos e ao mesmo tempo conseguirmos chegar a vários públicos alvo. Quem ouvir Hyubris, tem a oportunidade de entrar no nosso mundo imaginário de Fadas, Duendes, Princesas… Esperamos um dia ter o dom de poder pôr o nosso público a sonhar acordado.

Nada no vosso disco parece ter sido deixado ao acaso, desde o grafismo, à componente lírica e, inclusive um suposto erro com a troca de numeração de alguns temas que, ao que parece, foi propositado, certo?

Toda a dedicação e preocupação tida a nível sonoro foi tida também a nível estético; consideramos o trabalho, não como fracções, mas como um todo. Criámos propositadamente algumas diferenças em relação à concepção universal de álbum, com o objectivo de tentar que as pessoas cada vez mais abram os booklets e explorem o trabalho que ali está. È apenas uma questão de concepção ideológica!! Aproveitamos e deixamos uma dica: “numerologia”.

Pelas reacções que tenho sentido e lido parece-me que os Hyubris são uma banda consensual, agradando, ou pelo menos merecendo o respeito, de apreciadores dos mais vários estilos musicais. Esperavam este efeito da vossa música?

A evolução foi natural e sempre circulámos pelo circuito mais underground , só há pouco tempo se abriram as portas para algo mais comercial e com um público mais diverso. Nunca foi nossa intenção procurar este percurso, a surpresa também está a ser nossa.

Poderás elucidar-nos um pouco acerca do imaginário no qual os Hyubris baseiam as letras? De quem surgem essas ideias?

Os Hyubris baseiam as letras em histórias, lendas, contos e em mitos que estão patentes no nosso imaginário; sendo as letras um veículo de transporte aqui assegurado para o papel por Filipa Mota.

Quanto ao vosso processo de composição, há um ou dois elementos da banda que dominam esse processo ou os temas surgem como um conjunto de ideias de todos os elementos da banda? É fácil conciliar todas as influências que a vossa música congrega?

Vivemos essencialmente como uma equipa que trabalha em simbiose em torno do mesmo objectivo. Criar temas que, em primeiro lugar, nos façam sentir bem, e depois que nos dêem a sensação de que alguém possa vir a gostar. As nossas influências divergem em alguns pontos, como é óbvio, mas torna-se fácil o consenso quando há uma forte noção de banda!
Sendo os Hyubris oriundos de uma região do interior do país, achas que isso poderá dificultar a vossa progressão ou, num sentido inverso, poderá chamar a vós mais atenções para se tentar descobrir o que se faz fora das grandes cidades em termos musicais?

Sim, definitivamente sim, o aspecto geográfico tem particular peso na evolução de qualquer projecto, não havendo tanta coabitação com pessoas com os mesmos ideais. Torna-se difícil uma partilha de ideias, tendências, correndo por vezes o risco de se regredir no processo de criação! Penso que desde cedo tínhamos esta noção, por isso tentámos fazer das nossas fraquezas e anseios, mais valias.

Os Hyubris têm vindo a aprimorar a componente “ao vivo” ao longo dos anos, tentando transformar um concerto vosso em algo mais do que isso, ou seja, num verdadeiro espectáculo de várias vertentes artísticas. Se os meios fossem ilimitados, qual seria o espectáculo ideal que gostariam de montar em torno de um concerto de Hyubris?

A música é, e será sempre o ponto fulcral das nossas actuações e é ela que nos move. Acreditamos que a complementaridade e a interacção entre diversas formas de arte enriquece, não só o espectáculo, mas também promove essas mesmas formas de arte. Em relação ao concerto ideal, pode ser qualquer palco desde que tenha a componente humana que nós idealizamos.
Consideras que o facto de a maioria dos vossos temas serem cantados em português vos poderá dificultar quanto a uma possível internacionalização da banda? Seriam capazes de abdicar em português em prol do inglês apenas para terem mais reconhecimento além-fronteiras?

O facto de usarmos a língua mãe neste género musical é para nós mais um desafio que impusemos a nós próprios. Pensamos que de há alguns anos para cá, a língua não prejudica a internacionalização porque se quebraram barreiras e abriram-se precedentes, ainda que tenhamos a perfeita noção de que muito há a fazer e que as tendências e modas não se mudam de um dia para o outro. O objectivo a que nos propusemos não passa necessariamente pela internacionalização, mas sim por uma vontade clara de, fundamentalmente, fazermos aquilo que gostamos. Por ora, cantar em Inglês não faz parte dos nossos planos, não obstante que um dia possamos achar que determinada música transmita mais cantada em Inglês, ou até numa outra língua.

Quais os vossos planos a curto/médio prazo?

Distribuição e divulgação do álbum, dar concertos e solidificar o nosso trabalho em todas as vertentes.

Últimas palavras…

As nossas últimas palavras vão para todas as pessoas que trabalham directa ou indirectamente connosco, fazendo deste projecto algo em que todos se possam orgulhar; e também para ti, que nos tens acompanhado e apoiado desde o berço e sabes bem o nosso percurso. Felicidades para a tua webzine e até breve…

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