segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Em entrevista...WITCHBREED

A evolução do Metal nacional em termos quantitativos e qualitativos é, de facto, notória ! Neste momento podemo-nos orgulhar de ter bandas nacionais para todos os gostos e com uma ambição e profissionalismo crescentes que nos fazem pensar em vôos mais altos para parte delas. Um desses melhores exemplos são, sem dúvida, estes Witchbreed, uma banda surgida da mente de Ares e Dikk, dois elementos que também estiveram por trás de Deepskin, e que aqui apresentam, com a preciosa ajuda de Ruby, vocalista dos Extrem Attitude, uma das grandes revelações dos últimos tempos a nível nacional. Confiram as palavras da banda e procurem ouvir a sua música.
Os Witchbreed são uma banda nascida há apenas alguns meses, certo? Explica-me um pouco a génese deste projecto?

Ares: Na verdade o projecto não tem uns meses mas sim vários anos, a ideia de termos uma voz feminina que pudesse ilustrar na perfeição as musica e as letras que eu e o Dikk temos vindo a escrever vem realmente da altura em que tivemos a nossa primeira colaboração musical, mas que por motivos de falta de oportunidade e qualidade nunca se proporcionou. Desta vez estávamos a preparar o novo disco de DeepSkin quando chegou a altura de gravar a voz; decidimos fazer audições e convidámos amigos e potenciais candidatos a ouvir os temas. Ficámos surpreendidos primeiro com a reacção espontânea que as músicas provocaram, segundo ficámos ainda mais surpreendidos com a qualidade de todas as vozes que experimentámos, excelentes cantores, boas vozes e grande atitude profissional e artística. Curiosamente a Ruby foi a única que não pertencia ao nosso circulo de amizade nem era nossa conhecida, mas por algum motivo o perfil dela parecia interessante, o que acabou por se revelar extraordinário pois aliado a uma grande voz sentimos uma atitude de irreverência artística que nos atraiu de imediato. Agora com a banda completa no seu núcleo mais duro percebemos que nos tínhamos afastado do conceito de DeepSkin, algo realmente novo tinha nascido. O nome Witchbreed foi fruto da inspiração fantástica do romance gráfico da Marvel: 1602, uma analogia quase perfeita á forma como vejo o mundo e a sociedade em que vivemos.

Achas que o facto dos Witchbreed serem um novo projecto da mente de Ares vos poderá prejudicar devido ao insucesso que ele conheceu com os Deepskin? Certamente haverá muitos cépticos quanto a Witchbreed…

Ruby: Eu só conheci DeepSkin quando entrei na banda ‘’Witchbreed’’ e tenho plena confiança no Ares e no Dikk. São 2 pessoas extremamente talentosas e únicas. As pessoas não têem que associar Deepskin com Witchbreed porque são dois projectos distintos e isso nunca poderá prejudicar o nosso trabalho.
Dikk: O álbum “Judas” foi na minha opinião, um pouco injustiçado. Em primeiro lugar e da nossa parte (Dikk & Ares), tínhamos bons temas mas faltavam meios técnicos adequados para levar a cabo todas as ideias que ambicionávamos. Alem disso o tipo de sonoridade electrónica/industrial/ambiental que queríamos atingir é extremamente complexo de atingir a nível artístico e de produção, ou seja, muitas vezes foi um processo de “trial & error” até chegarmos a algum lado, nalguns casos com melhor resultado, noutros nem por isso. Foi um trabalho que fez parte da evolução, maturação da nossa carreira como músicos, produtores e seres ás vezes humanos. Apesar disso, hoje em dia recebo criticas positivas desse disco da parte de pessoas que na altura ainda não ouviam este estilo musical, a Ruby por exemplo na altura só tinha 16 anos. Acho que a critica foi um pouco cruel especialmente em Portugal, pois no estrangeiro houve quem ficasse curioso de ouvir desenvolvimentos desse disco. Em relação a Witchbreed, espero que toda a gente oiça com isenção e esqueça onde e por quem foi feito, e que tente captar a essência artística das canções, porque para mim, pelo menos, isso é o mais importante, sem preconceitos.

Sendo tu, Ruby, madeirense e vocalista dos Extreme Attitude como vens parar a uma banda formada em Lisboa? Foi feita alguma audição no sentido de se encontrar a voz ideal?

Ruby: Eu vim para Lisboa com o intuito de finalizar os meus estudos, e uma coisa levou à outra. O Ares enviou-me um e-mail a pensar que eu ainda me encontrava na Madeira, a perguntar se estava interessada em fazer uma audição a Lisboa para um projecto que este estava a criar. Eu respondi-lhe a dizer que estava em Lisboa e que sim estava interessada. Entretanto eles fizeram audições com outras pessoas e eu fui de férias para a Madeira, quando voltei o Ares ligou-me a dizer se podia fazer uma audição logo no dia a seguir, eu disse que sim mas disse que estava afónica! Fiz a audição, e passado 3 dias estava na banda.
Ares: Mais do que a voz ideal nós esperávamos encontrar alguém que demonstrasse vontade em fazer parte da banda e que quisesse contribuir para o processo criativo de igual modo.

Abandonaste de vez a tua antiga banda em detrimento dos Witchbreed?

Ruby: Eu não abandonei a banda, simplesmente os Extreme Attitude não podem avançar com um elemento a residir longe da banda. E neste momento a minha prioridade é 100% virada para os Witchbreed.

Explica-me um pouco como se desenrola o processo de composição dos Witchbreed?

Ares: As músicas nascem, quer de riffs de guitarra, malhas de baixo, letras dispersas ou melodias vocais, depende da inspiração e do instrumento que esteja a tocar. Normalmente gravo todas as ideias no computador e o Dikk faz o mesmo, quando juntamos tudo começamos o verdadeiro trabalho criativo, gravamos um demo com todas as músicas e passamos aos ensaios antes da gravação do final. Nesta fase a Ruby ainda não participou na composição pois quando ela chegou já tínhamos quer a musica quer as linhas de voz e letras concluídas. No entanto foi a opinião e o input musical da Ruby que durante as gravações da demo nos levou a aperfeiçoar as músicas.

Os temas entretanto gravados e disponibilizados no vosso site revelam uma qualidade e maturidade fora do comum em Portugal. Duvido que o próximo registo não saia ligado a uma editora. O que nos podes adiantar quanto a isso?

Ares: De momento a nossa prioridade é acabar as gravações e alguns arranjos nas restantes músicas, temos cerca de 13 temas prontos para ensaiar bastante e tocar ao vivo tanto quanto possível, ao mesmo tempo vamos promovendo a demo “Descending Fires”, não temos pressa em editar o disco mas pelas criticas e feedback positivo que temos tido acredito que até ao final do ano vamos lançar o disco.

Musicalmente os Witchbreed apresentam alguma originalidade ao criarem uma simbiose entre o Gothic Metal com vozes femininas e algum Rock progressivo. Foi uma aposta premeditada ou simplesmente surgiu dessa forma? Podes elucidar-nos um pouco melhor sobre as influências dos elementos da banda?

Dikk: No princípio de 2005 quando começámos esta pré-produção, decidimos fazer algo mais orgânico, menos orientado para o lado electrónico, algo que soasse mais “banda”, mais “old school”. Como tal, toda a raiz de composição veio das guitarras ou de linhas vocais, o que nos fez afastar dos elementos não humanos e trabalhar exclusivamente num formato mais tradicional, recorrendo esporadicamente ao synth para reforçar alguns momentos mais teatrais que existem nas canções. Pessoalmente, não posso apontar grandes influências, mas algo que podia falar mais em termos artísticos como Adrew lloyd Weber, Peter Jackson e George Horwell.
Ruby: Tenho como influencias : Meshuggah, Dream Theater, Pain of Salvation, Evergrey, Ark, ou seja, Rock/Metal progressivo e Melódico.
Ares: As minhas influências continuam a ser Bathory, Type O, Nevermore, Root, Slayer, Morbid Angel, Deicide, Metallica, Black Sabbath, Venom, Celtic Frost , Death, The Gathering, Tiamat, Samael, NIN, Sisters of Mercy, Fields, Dead can Dance, Corvus Corax etc.

Olhando para a vossa curtíssima carreira não resisto em estabelecer um paralelismo com os desaparecidos Icon & the Black Roses, ou seja, uma banda que surge do nada e logo com temas extremamente profissionais e de enorme potencial, editando um disco e desaparecendo. Temes que o mesmo suceda com os Witchbreed? Podemos de facto esperar uma carreira sólida e duradoura da vossa parte ou serão os Witchbreed apenas um projecto?

Ares: Não conseguimos prever o futuro mas sabemos que a vontade de criar musica como um reflexo da nossa aspiração artística é mais forte do que qualquer plano preconcebido. Witchbreed espelha o que pretendemos alcançar neste momento, e acho que estamos tão confiantes com o presente que acabamos por não olhar para o que nos espera á frente. A preocupação imediata que temos é a de gravar o disco, ensaiar, tocar ao vivo e promover a demo “Descending Fires”. A verdade é que nós não surgimos exactamente do nada, inclusive a Ruby já tem larga experiência de tocar em bandas, tanto eu como o Dikk e o João Nuno Barros que gravou a bateria e que é o baterista de DeepSkin já tínhamos tocado todos juntos, gravado etc. Apenas baralhámos as peças todas outra vez e voltámos a distribuir…
Ruby: Apesar do nome da banda ser Witchbreed Eu não sou uma ‘’witch’’ E não posso adivinhar o futuro, mas se depender de nós, Witchbreed irá crescer e evoluir sempre unidos e a lutar pela mesma causa.

Em jeito de provocação, até que ponto consideras crucial para o sucesso de uma banda esta possuir um ou uma vocalista verdadeiramente carismático/a? Consideras a imagem de uma banda ou do seu frontmen (no vosso caso frontwoman) tão importante como a sua qualidade técnica e expressividade?

Ares: Claro que é muito importante, todos os factores contam mas o que é realmente fundamental é que juntamente com as características musicais de cada membro haja um espírito de banda e a Ruby entendeu perfeitamente o nosso espírito de grupo que apesar de partilharmos estilos de vida muito diferentes ela foi tolerante ao ponto de nos aceitar, e nós a ela. Sem dúvida acho que a voz, a atitude, o sentido estético e a autoconfiança da Ruby marcam a diferença em qualquer banda. A performance e a naturalidade dela em estúdio é irrepreensível, e a confiança que deposita no nosso trabalho faz dela uma excelente camarada de armas.
Ruby: É Muito importante ter não só um vocalista carismático como todos os elementos desta. Ninguém quer ir ver um show de uma banda por mais boa que esta seja com 3, 4 ou 5 estátuas em cima de palco.

Quanto a aparições ao vivo, sei que nunca deram nenhum concerto, certo? Há planos para o fazerem a curto/médio prazo? Faz parte dos objectivos dos Witchbreed percorrer alguns bares habituais pelos quais passam as bandas de Metal ou serão mais selectivos quanto a locais para concertos?

Ares: Sim, depois de acabarmos o trabalho de estúdio vamos começar a tocar ao vivo. Gostávamos de ser tão criteriosos quanto possível em relação ás condições e local para concertos, no entanto só os podemos decidir quando as oportunidades se concretizarem. Para já temos convites para tocar na Moita, Lisboa, Beja e no Pragal, tudo em princípio para o começo da Primavera. Estamos preparados para tocar quer em bares pequenos ou em estádios de futebol, desde que se dignifique o trabalho dos músicos envolvidos. Limitamo-nos a demonstrar ao público o que se passa nas nossas sessões de estúdio ou nos ensaios, um mistura de sentimentos, sempre pejados pela mais negra das cores e plena de oscilações abruptas do espírito. Acho que essencialmente pertencemos ao mundo do Heavy Metal, no fundo é isso que um de nós é, um mais progressivo, outro mais gótico ou outro membro mais melódico, no fundo somos todos metalheads de espírito e headbangers de coração.

Podes adiantar-nos um pouco o que podemos esperar da vossa parte em breve? Algum disco na forja? Que orientações levam os novos temas?

Ares: De imediato temos que tirar fotos, a saga da sessão fotográfica está-se a tornar numa verdadeira maldição, pois andamos a tentar desde há mais de um mês e por varias razões nunca conseguimos cumprir os prazos. Depois temos o site para colocar online e ao mesmo tempo acabar a pré-produção do disco, são cerca de 13 temas mas podem ainda surgir mais alguns que ainda não decidimos, e podemos inclusive optar por retirar algum dos temas actuais, tudo depende do que nos inspirar o resultado final, que acaba sempre por se revelar muito diferente do que é á partida. Estes temas que já estão concluídos variam entre a melancolia e a escuridão, mais ambiente e mais coros épicos a reforçarem malhas letais de guitarra com grooves pesados de baixo com uma bateria demolidora e tribal. Tudo muito escuro, muito negro e angustiante coberto por uma voz de autoridade e poder. A seguir só o tempo pode ditar a sequência dos eventos futuros.

Para quem ainda não vos conhece apresenta-me três argumentos que utilizarias para convencer alguém a ouvir Witchbreed?

Ares:
1º Ruby
2º Dikk
3 º Ares
Lobos, ninfas e demónios…
Ruby:
1º Músicos talentosos
2º Made in Portugal
3º Unico…

Últimas linhas para dizeres o que te vier à cabeça…
Ares:
“Eu rezo á Lua, rezo ao Fogo e ao Trovão,
Por entre Serras e Bosques uivo solidão”

Ruby:
‘’
I believe this heart of mine when it tells my eyesThat this is beautyI believe this heart of mine when it tells my mind That this is reasonI believe this heart of mine when it cries at timeThat this is foreverI believe this heart of mine when it tells the skies That this is the face of God’’ [Daniel Gildenlow]

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