quarta-feira, junho 14, 2006

em entrevista...SCHEMATTA


Autores de um surpreendente EP de estreia - «exit:inertia» - os Schematta revelam-se como um das principais promessas do Metal mais alternativo no nosso país. Sobre este disco - e não só - o Opuskulo quis conhecer melhor esta banda. Aqui ficam os resultados dessa conversa...
Apresenta-nos os Schematta

Os Schematta, actualmente, estão num processo reestruturação, pelo que uma apresentação da banda poderá ter, eventualmente, uma leitura volátil.

Não deixei de ficar surpreendido com o vosso EP «exit:inertia»…fui o único ou há mais como eu?

Correndo o risco de interpretar essa surpresa como um elogio, muito obrigado desde já. Temos tido feedback muito positivo pelo trabalho até agora elaborado, quer pelo resultado das gravações em estúdio, quer pela nossa prestação ao vivo. Evidentemente, é um incentivo muito forte para continuar a promover esta loucura que é fazer música em Portugal.

Pegando no título do disco…este EP marca definitivamente o fim da inércia para os Schematta ? O que podemos esperar da vossa parte ?

Essencialmente marca o início de um percurso. Qualquer movimento é contrário à inércia, e o mais complicado é começar a andar. Desta forma, pensamos que o EP foi o primeiro passo neste percurso que é o da indústria musical. A experiência que temos vindo a adquirir levou também à concepção de novos métodos de trabalho, que se irá revelar certamente nas próximas notícias acerca das nossas actividades. Pedimos desde já desculpa pela não-actualização do site, que será brevemente resolvido. Esperem por noticias quentes e boas para breve.

Tool parece-me ser uma das vossas referência musicais…concordas ?

Tool e vinho verde sempre foram uma influência forte, sinapticamente falando. Juntem-lhe broa, queijo e temos Meshuggah; uma açordinha de marisco, mais vinho verde e uma folha de Hortelã e temos Police. Enfim, são tantas as influências que nos perdemos na gastronomia.

Achas que o facto de praticarem um Metal dito alternativo vos poderá prejudicar na captação de um público específico ? Ou pretendem agradar a “gregos e troianos”?

A nossa música assume um patamar que nos satisfaz quando é verdadeira e genuína. É o resultado de vários aspectos que tiveram influências sobre nós, que tanto podem tratar-se de bandas que ouvimos actualmente ou durante a nossa adolescência, ou vivências que nos marcaram positiva ou negativamente. Sob este prisma, não nos ocorre pensar em produzir música – que por si só é uma expressão feia – com qualquer tipo de condicionante ou objectivo pré-estabelecido relacionado com vendas. Importa-nos sim chegar ao fim com a certeza de que fizemos o melhor trabalho que estava ao nosso alcance. À parte disto, estão todos desde já convidados a ouvir o EP Exit: Inertia e a aparecer nos concertos oportunamente divulgados, já que é no palco que a nossa música assume a sua essência, com a resposta do público em tempo real.

Do acompanhamento que faço dos eventos que vão acontecendo semanalmente por todo o país fico com a sensação que os Schematta tocam pouco ao vivo, ou estarei errado?

Uma das preocupações mais prementes que tivemos desde sempre, como já referimos anteriormente, não é fazer muito mas sim fazer muito bem. Não é fácil planear uma digressão de apresentação em que todas as condições são reunidas. Há todo um trabalho a exercer por todas as bandas que passa pela exigência de um cachet justo, recursos técnicos apropriados e, claro está, recursos humanos. Não faria sentido investir tempo, centenas de milhar de euros em bons instrumentos, horas de estúdio, para termos uma prestação live frágil ou deficiente. Tentamos então levar a música ao nosso público da forma mais competente e profissional que nos estiver acessível, quer para nossa satisfação, quer pelo total respeito de quem se presta a deslocar a um concerto por nós promovido – temos que ser nós próprios a garantir a certificação ISO 9001:2001 (risos).

Actualmente em Portugal assiste-se a um surgimento de muitas e boas bandas dentro de todos os estilos musicais. Na tua opinião a que se deve este advento? Achas que o nosso país poderá afirmar-se no panorama internacional como uma nova Suécia ou Finlândia em termos de exportação de grandes bandas?

Depois de vários anos num fosso de produção, recebemos agora várias notícias por dia que indicam que as coisas estão mesmo a mudar. Pensamos que um dos factores que mais prejudicou a música portuguesa foi uma clara assimetria de critérios entre os músicos e o seu público. Movimentos outrora sustentados por zines fotocopiadas são agora promovidos online, possibilitando a um metaleiro de Vila Nova de Cerveira estar tão dentro da cena portuguesa, como espanhola, ou qualquer outra. Cremos que esta exposição alargada aos parâmetros estabelecidos por outros países fez com que a fasquia da qualidade subisse em flecha em todos aspectos - dos quais podemos destacar a execução técnica e a apresentação gráfica - e simultaneamente o público que segue uma banda fá-lo por opção. Isto representa muita liberdade artística, resultado das edições de autor com cada vez mais qualidade. Quanto ao panorama internacional, achamos que tudo é possível com trabalho árduo e continuado. Não é com um EP que se constrói uma fanbase ou se eleva a sobrancelha de um A&R, na maioria dos casos. Como tal, vemos essa possibilidade como real e tangível.

Últimas palavras….

Obrigado pela entrevista, boa sorte para este projecto que é tão importante como a música que divulga, e a quem nos lê, apareçam nos concertos porque é com isso que músicos e bandas dão continuidade ao seu trabalho.

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