terça-feira, junho 06, 2006

em entrevista...INSANIAE

Insaniae é um nome que se tem vindo lentamente a afirmar no panorama Doom Metal nacional sendo que «Outros temem os que esperam pelo medo da eternidade», o disco de estreia da banda, assume-se como um dos melhores editados em Portugal e revela uma banda de características peculiares. Foi sobre essas e outras características que o Opuskulo falou com o guitarrista Luís Possante.


A pergunta é inevitável…como têm sido as reacções ao vosso disco de estreia?

Superaram as nossas expectativas. Vendemos já um número considerável de CD´s, uns directamente, outros com a preciosa ajuda da D:/moni1/. Nunca pensámos que poderia haver tanta gente interessada, ainda para mais numa edição de autor em CD-R, o que só prova que as pessoas não estão preocupadas com a embalagem mas com conteúdo em si e isso é muito positivo e gratificante.


Acompanhei a evolução dos Insaniae desde há alguns anos a esta parte (ainda sob o nome Dogma ) e é caso para dizer que a persistência e a convicção naquilo que acreditam são armas poderosíssimas, concordas ?

É fundamental acreditar no que se está a fazer, ser muito persistente e aprender com os próprios erros. Igualmente importante é perceber a realidade em que vivemos. Não vou estar a enumerar as dificuldades que as bandas em Portugal têm que ultrapassar, penso que é assunto já mais que debatido e toda a gente tem mais ou menos a noção disso. Mas o que é um facto é que é complicado fazer música por cá. É preciso muito amor á camisola.


Pretendem continuar a cantar em português ou não está de parte a hipótese de utilizarem outras línguas?

Para já, essa hipótese está posta de parte, o que não quer dizer que no futuro não surja essa vontade. A língua portuguesa, para além de ser a nossa língua materna, é extremamente rica, cheia de segundos sentidos e propensa a diferentes interpretações, pelo que achamos mais interessante escrever e cantar em português, é algo que já faz parte da identidade dos Insaniae. Não deixa de ser curiosamente irónico o facto de haver muita gente que estranhe cantarmos em português, afinal é a nossa língua, o estranho é cantar noutra qualquer.
Achas que esse facto vos pode fechar algumas portas a um nível internacional?

Pode fechar algumas, mas certamente abrirá outras. Há muitas bandas que cantam em outras línguas que não o inglês o que dá quase sempre um toque de originalidade e até de mistério quando se trata de uma língua absolutamente desconhecida ao ouvinte. Pessoalmente penso que cantar na sua própria língua torna uma banda mais autêntica. Seja como for as letras são apenas uma das componentes da Música - ainda há, pelo menos, as guitarras, baixo, bateria, melodias de voz ... e tudo isso é perfeitamente universal.

E de onde vem a influência para as vossas letras? Revelam um sentido poético bastante apurado…

As letras mais não são do que histórias provenientes da minha mente, captadas através dos meus olhos e sentidos. Naturalmente sou inconscientemente influenciado pelo que leio e pelo que vejo, daí, se calhar, algumas referências literárias... quanto ao sentido poético apurado, estou demasiado próximo delas para poder aferir. Acho que são mais viscerais do que poéticas...


Quanto a influências musicais, My Dying Bride e Mourning Beloveth serão certamente algumas delas, não?

As influências, conscientes e inconscientes, são diversas, e variam com cada membro da banda, mas essas duas bandas que referes são seguramente uma influência para mim e não só em termos musicais. Temos outras, e algumas também de bandas nacionais.

Consideras o Doom Metal um estilo musical mais propício para disco ou para o palco? Sentem dificuldades em transpor para o palco temas longos sem cair na monotonia?

Acho que o Doom, à semelhança de outros géneros e correndo o risco de parecer elitista, não é para todos, pelo que compreendo que nem toda a gente consiga ver um concerto inteiro com interesse. Acho que o Doom se traduz bem para o palco, dependendo da banda, apesar de ser um género tradicionalmente mais propício para disco.Para nós tocar um tema de dez minutos ou de cinco acaba por ser igual, uma vez que as nossas preocupações são de outra ordem como por exemplo a perfeição da execução ou a interacção com o público. Quem está a assistir terá certamente uma outra noção da duração dos temas diferente de nós que estamos em cima do palco.
Há já novos temas a ser compostos? Que direcção estão a tomar?

Há neste momento uma meia dúzia de novos temas. Um deles está pronto e já tem vindo a ser tocado ao vivo há algum tempo. Mais pesados, mais lentos e mais extremos... melhores. Reflectem uma maior maturidade tanto de ideias como nos aspectos mais técnicos de composição e execução.

O que podemos esperar dos Insaniae para breve?

Mais e melhores concertos ao vivo é o que nós esperamos proporcionar e, quem sabe, mais um CD quando estiver tudo composto o que certamente não será antes do final deste ano. Não temos pressa, afinal tocamos Doom.

Palavras terminais….

Obrigado por esta entrevista e obrigado a todos os que nos acompanham. Continuem a apoiar o Metal. Apareçam nos concertos.

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