Por mais transformações ocorridas no seio underground português, o movimento death metal manteve-se sempre como um dos mais coesos, prolíferos e intemporais. A prová-lo está o continuo surgimento de novas e interessantes dentro do género a cada ano que passa. Os Underneath não são propriamente novatos nestas andanças mas só agora começam a ver o seu nome circular de boca em boca. «By Flesh», a ultima demo do colectivo de Tomar, muito contribuiu para isso, assim como as demolidoras descargas de brutal death metal que a banda tem espalhado por diversos palcos. O Opuskulo quis conhecer melhor esta banda e falou com o guitarrista Sérgio Garraio.
Apresenta-nos os Underneath…
Os Underneath são um grupo de amigos que se juntam para tocar música extrema, essencialmente é isso. Para quem não nos conhece, esta aventura começou em Outubro de 2001. Na altura a banda era só formada por mim na voz, pelo Telmo na guitarra, pelo Ricardo Neto na bateria e pelo Ricardo Ferreira no baixo. Passado um ano decidimos gravar um promo-cd para dar a conhecer a banda, depois disso foi o habitual, enviar o material para rádios, zines, etc etc etc. Em 2004 entrou o Miguel Fonseca para a voz e eu passei para a guitarra, passado algum tempo decidimos gravar novamente, como deves ter reparado existem diferenças entre os 2 trabalhos e era isso que queríamos demonstrar com o “By Flesh”, apesar da qualidade não ser grande coisa acho que ,tendo em conta os nossos objectivos, serviu bastante bem.
O vosso último trabalho, «By Flesh», já foi editado há algum tempo. Há já alguma coisa a ser preparada para o suceder?
Apesar do “By Flesh” ser de 2005 ele só veio cá para fora este ano devido a sucessivos atrasos da parte da gráfica e se nós não temos decidido avançar provavelmente ainda estaríamos a espera. O que queríamos era mostrar banda com a nova formação, por isso não demos muito valor ao aspecto gráfico, afinal o que interessa é o que lá está dentro. Falando sobre material novo, só estamos a espera da decisão da editora, foi tudo feito durante este ano e se tudo correr bem vai ser o nosso albúm de estreia, não quero estar a adiantar muito mais para não dar galo, só vou dizer que não é nacional.
Como foram as reacções a «By Flesh»?
Acho que os nossos objectivos foram alcançados. Como já disse a ideia era dar a conhecer os novos Underneath e o pessoal percebeu isso, deu para perceber que a alteração no line-up só veio beneficiar a banda.
Achas que o facto de serem de Tomar, uma cidade mais periférica em relação aos grandes centros urbanos, vos poderá condicionar de alguma forma?
Sem dúvida. Quando começámos a distribuir o nosso material as primeiras distribuidoras a falar connosco foram estrangeiras e só depois apareceram as nacionais.Isto pode ter evoluído muito em certos aspectos mas noutros continua a mesma coisa de sempre, mas não nos queixamos. Felizmente existe muito pessoal a provar que fora dos grandes centros também se fazem grandes coisas e não falo só de bandas, pessoal com tu são bons exemplos disso e fazem-no por amor à camisola. Infelizmente continua a haver muito poser espalhado por este país fora.
A nível de concertos dá-me a sensação que os Underneath começam finalmente a surgir com mais assiduidade em cartazes. Estarei errado?
Mais ou menos, sempre tocámos em festivais, uns mais conhecidos outros menos, o que aconteceu é que nem sempre as pessoas se preocuparam em divulgar os eventos e isso acaba sempre por prejudicar quer os próprios eventos como também as bandas. Dizes que finalmente começamos a aparecer nos cartazes, acho bem que sim, depois de tanto dinheiro gasto a enviar cd’s já estava na altura de começarem a reparar em nós, infelizmente ou felizmente continuamos a não querer boleias de ninguém.
O movimento Brutal Death Metal, Grindcore e afins parece estar a crescer substancialmente em Portugal, não achas ? Ou já conheceu melhores dias?
Ao contrário do que muito gente tenta mostrar o death e o grind sempre tiveram em grande o problema é que o pessoal sempre gostou muito de ir atrás das modas. Se reparares a maioria das bandas de death e grind que andam por ai já o fazem há uns anitos. Talvez o problema tenho sido o facto do pessoal preferir organizar concertos de determinados estilos por, como te disse, estarem na moda logo trazerem mais pessoal.
O que pensas de espaços como o Myspace ou o Itunes para a divulgação e aquisição de bandas e discos? Sentes alguma nostalgia em relação ao tempo em que tudo era mais difícil?
Excelente, acho que esse tipo de cenas veio ajudar em muito o pessoal, mas como em tudo há coisas boas e coisas más. Hoje em dia um gajo com um pc e net consegue fazer o que quiser e esse é que é o problema, deixou de haver aquele espírito de sacrifício que dantes havia. Tu até podes ter um som de merda mas como toda a gente ouve falar de ti já és muito bom.
Por onde passam os vossos objectivos a curto/médio prazo?
Continuar a trabalhar como sempre temos feito e esperar pela resposta da editora. Em função disso logo vemos o que vai acontecer.
Últimas palavras…
Queria desde já agradecer a todo o pessoal que há por este país fora que como tu tem zines, distros etc etc e que continuam a fazer tudo só por amor á camisola. Obrigadão pessoal! Para terminar quero deixar aqui um apelo ao pessoal, apareçam nos eventos e apoiem o metal nacional.
Sem comentários:
Enviar um comentário