segunda-feira, outubro 01, 2007

em entrevista...F.E.V.E.R

Após diversos trabalhos de curta duração mas de qualidade inquestionável, os lisboetas F.E.V.E.R editam finalmente a tão aguardada estreia em formato longa duração. «4st» é o nome de um disco que promete alargar os horizontes da música alternativa portuguesa e lançar esta banda para o reconhecimento internacional. O Opuskulo não quis deixar escapar a oportunidade e falou com o vocalista Fernando Matias e o guitarrista Luis Lamelas.

E finalmente ai está o tão aguardado longa duração. Satisfeitos com o resultado final?

Luís - Sim. Apesar de ter sido um processo algo longo e demorado, mas já contavamos com isso... Quizemos fazer as coisas sem presas e da melhor maneira com os recursos a que tinhamos acesso. Estamos satisfeitos com o resultado final a todos os níveis.

Como têm sido as reacções ao disco? Notava-se uma enorme expectativa em torno do mesmo, não acham?

Luís – Sinceramente, não nos podemos queixar. Temos sido, geralmente, bastante bem recebidos. Relativamente a expectativas... as nossas têm-se cumprido aos poucos. Não tenho bem a noção relativamente a expectativas exteriores, mas como temos estado envolvidos em bastantes actividades a este nível, acabamos por criar alguma curiosidade.

Porquê terem demorado todos estes anos para editar um longa duração? Não sentiam que tinha chegado a altura certa quando editaram os anteriores EP ?

Luís – Estivemos bastante ocupados com outros lançamentos (o disco de remisturas “Electronics” em 2005 e o single multimedia “Bipolar [-]” em 2006) e com a composição / gravacao do disco. Também mudámos de baterista. Temos outras actividades e era incomportavel gravar o disco e estar activo ao mesmo tempo para concertos por razões de tempo. Este disco acabou por lucrar com o amadurecimento dos temas que tinhamos para o preencher.

O título "4st" tem algum significado especial ?

Fernando - É um título pragmático e funcional. Significa “quarto lançamento, primeiro longa duração” (excluindo singles e compilações, e tomando apenas em consideração os dois Eps e o disco de remisturas). Não houve grandes preocupações conceptuais, simplesmente gostámos do significado despretensioso e da forma desviante como está escrito. Já no plano da coincidência (e apenas para confundir e pôr em causa tudo o que foi dito anteriormente), “4st” é foneticamente semelhante a “Forced”, a primeira canção do disco, e durante a produção do álbum começámos a notar que havia uma certa reincidência na temática da contingência. Foi um conceito que foi crescendo a posteriori, espontaneamente, um tanto por acaso. Não temos por hábito pegar numa folha em branco e desenhar esboços conceptuais. O nosso método de trabalho é mais rabiscar em post-its e depois forçar puzzles a partir de peças que não encaixam entre si. Uma espécie de desafio lógico.

Os F.E.V.E.R. são daquelas bandas que se sente que caso fossem norte-americanas ou britânicas teriam um sucesso muito diferente daquele que têm. Acham que o factor Portugal prejudica a vossa carreira e limita os vossos horizontes?

Fernando - Talvez sim, talvez não. É, por um lado, verdade que há bandas nos Estados Unidos que sobrevivem saudavelmente só a fazer digressões nacionais (o mesmo não acontece em Inglaterra, creio) é um mercado muito grande em que é muito mais fácil subsistir. Mas também é verdade que a concorrência é muito mais hostil e não sei até que ponto seria muito favorável encontrarmo-nos por lá diluídos numa sopa de bandas muito maior e mais complexa do que aquela que temos aqui deste lado do Altântico. Se tiver de acontecer-nos alguma coisa de bom, quero acreditar que tal acontecerá mais pela força do nosso trabalho do que pelo facto de estarmos no local certo no momento certo.

Ponderariam a hipótese de sair de Portugal para lutar pela banda noutro país que vos oferecesse melhores condições?

Fernando - Não me parece ser absolutamente necessário ter de sair de Portugal. Estamos no século XXI e a distância não é hoje um problema. Se te meteres num avião, consegues chegar a qualquer capital do mundo em apenas algumas horas. Há telefones, há internet... Para além do mais, gosto de pensar na Europa como uma espécie de Estados Unidos em que em vez de teres bandas de Seattle ou Chicago, tens bandas de Glasgow ou Berlim. Agrada-me isto da União Europeia, é como se vivesses num país enorme que vai de Lisboa a Helsínquia. É só uma questão de aproveitar a oportunidade.

"4st" será distribuído no estrangeiro ou a aposta direcciona-se mais para Portugal?

Luís – A edição da RagingPlanet é nacional, mas poderá ter alguma distribuição além fronteiras no futuro. Estamos neste momento a trabalhar com alguns contactos que têm interesse no nosso trabalho para fora de Portugal. Vamos ver no que resulta.

O vosso som prima pela originalidade e consegue agradar a um largo espectro de público...desde um mais metaleiro a outro mais alternativo. Notam isso pelas reacções que vão recebendo? Acham que isso pode constituir uma mais valia ou, por outro lado, dificultar a inclusão da banda num público alvo específico?

Luís – Nunca tivemos por objectivo um público alvo. Agrada-nos a ideia de poder apelar a um publico diverso e isso tem acontecido. Não queremos ser uma banda de elites especiais de corrida, também não nos achamos “os escolhidos” de uma vertente musical qualquer.

Há planos para divulgar este disco ao vivo? Alguma tour planeada?

Fernando - Temos tido alguns concertos, abrimos recentemente para Type O Negative e estivemos no Marés Negras, vamos estar no Midas Rock Fest II no dia 15 e temos já agendadas mais duas datas lá para o final do ano. Há outros eventos ainda a necessitar de confirmação... é uma questão de estarem atentos ao nosso MySpace (www.myspace.com/feveronline). \m/

Últimas palavras..

Luís – Obrigado pela entrevista. Podem ouvir o álbum “4st_Fourst”, em streaming, na nossa página online em http://www.fever.web.pt/. Esperamos vos ver num proximo concerto. Cheers.

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