Sendo uma das bandas mais interessantes e originais do actual panorama de peso nacional, os THANATOSCHIZO chegam à edição do quarto álbum «Zoom Code», um verdadeiro atestado de maturidade e de qualidade da banda e um dos momentos altos de um ano que ainda vai a meio. O Opuskulo não ficou indiferente à qualidade deste trabalho e partiu à conversa com o seu principal mentor, Guilhermino Martins.
Como estão a encarar este vosso quarto disco? Consideram que se trata de um afirmar definitivo da maturidade da banda?
Com toda a honestidade, sim! Temos perfeita consciência do pulo qualitativo que este álbum representa e que, acima de tudo, reflecte dez anos de amadurecimento musical. Na visão desta banda, todos os nossos lançamentos são melhores do que o anterior e penso que, desta vez, não foi excepção. Estamos muito orgulhosos de ser uma banda no verdadeiro sentido da palavra, de continuarmos juntos e de termos criado o Zoom Code.
Como têm sido as reacções ao disco?
Muito boas, felizmente! Tenho a sensação que as pessoas finalmente perceberam o “point” deste grupo e temos obtido excelentes críticas a uma escala global. É claro que vai haver sempre quem não consiga compreender a nossa sonoridade mas, desde o início, tivemos perfeita consciência de não sermos uma banda consensual.
Como está a ser a distribuição e a aceitação a nível internacional, tendo em conta que trabalham actualmente com uma editora com algum peso internacional?
A My Kingdom Music está a cumprir tudo o que estipulámos e, como tal, não temos nada de negativo a assinalar no trabalho deles. O álbum está à venda em praticamente todo o mundo e o feedback que nos chega é consistentemente positivo.
Comparativamente a «Turbulence» o que o separa deste «Zoom Code»?
Quatro anos de amadurecimento: uma cada vez maior atenção a pormenores, a cada vez maior valorização das vozes na nossa sonoridade e o refinar da composição.
Apesar de continuar a demonstrar uma enorme versatilidade estilística, «Zoom Code» soa muito mais coeso do que qualquer disco anterior. Concordam?
Sim, mais do que tentar surpreender pela excentricidade, preocupámo-nos assumidamente em criar bons temas, bem estruturados e compostos. E isso, claro, reflecte-se na tal sensação de coesão de que falas.
Contam com a colaboração de alguns ilustres convidados. Suponho que tenha sido o realizar de um sonho para a banda, certo?
Não diria “sonho”, mas foi uma sensação incrível quando recebemos o solo de violino do Timb Harris e o juntámos à pré-produção instrumental do L.. Os Estradasphere são uma das minhas bandas favoritas, por isso foi óptimo podermos trabalhar com ele. No caso do Zweizz, quando começámos a pensar quem nos poderia ajudar na criação da The Shift, o nome dos Dodheimsgard - outra banda que admiro imenso - veio à baila e foi inevitável contactá-lo. O António Pereira é um músico folk local que emprestou o seu talento a dois dos nossos temas e acabou por lhes adicionar um irresistível tom naïve que os enriqueceu imenso.
Têem programada alguma digressão para a promoção a «Zoom Code»? Por onde irá passar?
Neste momento estamos a agendar uma série de concertos até ao final do ano e há, de facto, a possibilidade de alguns concertos pontuais no estrangeiro. Para já temos o Liperske IV (onde vamos comemorar o nosso décimo aniversário) e o Metal Grândola, mas dentro de dias vamos poder confirmar mais datas.
«Zoom Code» incorpora elementos tão diversos como o acordeão, o saxofone ou o violino. A música dos ThanatoSchizO parece não ter limitações estilísticas…
E não tem, de facto. Esse é o maior prazer que esta banda nos dá: poder fazer aquilo que nos dá na real gana. Talvez por isso nunca tenhamos sentido necessidade de criar projectos paralelos a ThanatoSchizO – no fundo podemos fazer tudo o que quisermos neste grupo e é óptimo não haver qualquer constrangimento no acto criativo porque, basicamente, seguimos o nosso instinto. Provavelmente em termos comerciais, essa não é a melhor atitude a tomar mas... nós sentimo-nos realizados por criar a música que gostamos de ouvir, portanto tudo o resto é acessório.
Conceptualmente por onde anda «Zoom Code»?
Por um mundo muito mais positivo – apesar do lado mais negro do grafismo do álbum. As letras deixaram de ser focadas em episódios da vida pessoal do Eduardo e da Patrícia e passaram a ser histórias de terceiras pessoas. A mensagem é, globalmente, mais uplifting. O título resultou do momento em que nos capacitámos de que, para este álbum, nos deveríamos unicamente centrar naquilo que, a nosso ver, sabemos fazer melhor. Um aprofundar das nossas virtudes, portanto.
Voltaram a gravar nos Rec’n’Roll e a ser produzidos pelos irmãos Barros. É uma relação de fidelidade e durabilidade pouco comum. Não equacionam vontade de trabalhar com novos produtores?
Em Portugal, por ora, não. Além disso, os Rec’n’Roll têm evoluído ao longo destes anos e penso que o som do álbum prova a capacidade actual do estúdio. É claro que, havendo um orçamento mais alargado, equacionaríamos gravar lá fora, mas quem sabe o que o futuro nos proporcionará.
Tendo em conta o vosso passado, considero que os ThanatoSchizO foram pioneiros na abertura do metal português a novas sonoridades e à exploração de novas abordagens musicais. Sentem o peso dessa responsabilidade?
Sim, na altura em que aparecemos, havia, no underground, um certo culto pelo obscurantismo musical (na pior acepção desta expressão) e lembro-me de inicialmente termos sido muito criticados por termos aparecido com uma som muito mais “aberto” a novas abordagens. Hoje em dia, esse dogma está ultrapassado e, felizmente, o que não faltam em Portugal são bandas apostadas em quebrar barreiras no mundo do Metal.
Sendo tu um seguidor de longa data da evolução do metal nacional, qual a tua opinião actual sobre o estado das coisas? O que se perdeu e o que se ganhou?
Penso que há cada vez mais bandas com qualidade. As condições das salas para concertos estão bem melhores e o interesse do público por música made in Portugal cresceu significativamente. Por outro lado, continua-se a cair nos mesmos erros do passado: consegues fazer a conta a quantas next big things foram aparecendo e desaparecendo no nosso panorama ao longo dos últimos dez anos? Além disso, perdeu-se, igualmente, alguma da magia que se vivia há 10/15 anos, com o apogeu da tecnologia a tolher o efeito surpresa de alguns lançamentos.
Achas que o panorama musical português está hoje melhor preparado para proporcionar um desenvolvimento e uma progressão mais visível às bandas do que estava quando começaram a vossa carreira? Quais as principais diferenças?
Sem dúvida nenhuma mas, como sempre acreditei desde o primeiro dia, penso que não é o panorama musical que tem de proporcionar seja o que for às bandas. Antes, elas têm de se capacitar da necessidade de dedicação que um projecto destes acarreta. Havendo vontade e, claro, algum valor, os resultados acabam – inevitavelmente – por aparecer. É claro que hoje em dia as coisas estão também bem mais fáceis devido à Internet: as webzines, as diferentes plataformas de promoção a que as bandas têm acesso, os fóruns, tudo isso serve para gerar um cero burburinho à volta de um grupo. É claro que haverá sempre os meros hypes virtuais mas, lá está, as boas bandas acabam sempre por vir ao de cima e afirmar-se.
O que podemos esperar dos Thanatoschizo a curto prazo?
Vários concertos de promoção ao novo álbum!
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