Este será o último capitulo da passada trilogia «Torment», o elemento fulcral para fechar esta longa jornada. Consiste em cinco temas, um do «Tormented Belief» que só esteve disponivel na versão vinyl do mesmo, depois dois temas nunca lançados da sessão do «The Torment Continues» e finalmente dois temas da sessão do «Rising». Tudo temas que não foram inseridos nos trabalhos por multiplas razões, não porque não as achava à altura, houve sim outras questões. Este material é muito importante e especial para mim, não poderia de forma alguma deixar “na gaveta”.
O que podemos esperar deste trabalho? Sei que o artwork terá uma especial atenção. Será uma edição limitada?
O artwork está a cargo de um talentoso holandês da Ba´al Graphics, trabalhamos juntos neste trabalho e as coisas foram relativamente facéis. Eu já tinha uma ideia do que queria, tinha de ser simples e encher doze páginas tendo um seguimento de imagens já usadas nos trabalhos da trilogia. Este mCD não será limitado, pode sim vir a ser a versão vinyl caso seja feita. Não temos a certeza ainda. Haverá também novas tshirts referente a este novo trabalho e, essas sim, serão limitadas.
Em termos conceptuais por onde anda «Carving a Pyramid of Toughts»? O título é bastante enigmático.
Este trabalho é basicamente um resumo do que foi feito nesta trilogia, nestes vários anos. A mudança, o sacrificio, o alcançar de um patamar acima do Homem. É-me difícil explicar e resumir estes últimos três álbuns e este mCD, é um culminar de emoções que vão além fronteiras. Cabe a cada um ouvir, ver, ler e simplesmente saborear estes complexos trabalhos.
Este novo EP vai ainda ser editado pela Agonia Records, mas sei que assinaram recentemente um acordo com a Candlelight. Como surgiu essa oportunidade? Achas que é o reconhecer de uma carreira marcante no black metal português?
A Candlelight já tinha proposto um acordo ainda antes de ter saido o «Rising», mas na altura o acordo não foi nada satisfatório portanto decidi lançar eu mesmo, assim pelo menos sempre tinha garantido o underground. No entanto, com o desenrolar do último ano, de dificuldades monetárias e falta de tempo decidi que seria mesmo altura de tirar algum cargo dos meus ombros e passar a tarefa a uma editora professional. Chegámos a um acordo melhor, ao nivel do que tinhamos com a Undercover e seguimos em frente. Assim sendo eles vão reeditar o «Rising» e um ou dois novos álbuns. O acordo com a Agonia foi por acaso, tinha este mCD para lançar, na altura ainda não tinhamos assinado com a Candlelight e a Agonia insistiu em lançar algo nosso. Estava reticente visto que há muitos maus rumores deles mas decidi arriscar. Tanto que eles estão bastante empenhados neste lançamento e é isso que gosto de ver. E espero também que com eles não precise de ajudar na promoção e tudo mais como outrora fazia com outras editoras.
Tradicionalmente a Candlelight é muito elitista em relação às bandas que assina. O seu catálogo é de extrema qualidade. Sentem que têm algo de especial em relação à maioria das bandas de black metal e que isso chamou a atenção da editora?
Acho que eles sabem o potencial da banda e de certeza que já ouviam falar da banda. Temos rolado lá fora, tocado em fests e algumas tours, as coisas têm corrido minimamente bem. Por acaso nunca tocámos na Inglaterra mas pode ser que isso mude agora com este “deal”. Gostaria de mencionar o seguinte, nunca lambemos as botas a ninguém, tudo alcançado pela banda foi devido à minha dedicação e esforço, à minha insistência. Puta que pariu os cromos que acham que alcançamos isto “á pala” de “ass licking”. Vocês são verdadeiramente patéticos e nunca passarão de nada. Fodam-se!
Para quando a estreia pela Candlelight? Quando podemos esperar um próximo longa duração?
Ainda não me deram uma data para a reedição do «Rising» mas conto que seja em Outubro. No final do ano irei começar a trabalhar no próximo álbum mas não tenho qualquer ideia quando irá ser lançado. Não estou nada preocupado com isso de momento, vou demorar o tempo que for necessário, mas estou certo que um novo album saia em 2009.
São neste momento considerados a principal banda de black metal portuguesa. Sentem o peso dessa responsabilidade ou é algo que te é indiferente?
É-me totalmente indiferente, e seja como for a maior das pessoas do meio não estão de acordo com o que dizes. Eu simplesmente faço aquilo que quero fazer e se tiver quem me apoie e lance o que gravo tudo bem, mas se amanhã ninguém acreditar no que faço e só possa lançar em tape seria também tudo bem por mim. Só quero permanecer a fazer o que mais gosto e que sinto que é a minha missão. Há aqui causas bem acima do que acho que quero e tudo mais, a Sua presença e influência é constante e determinante.
Como encaras o que se vai fazendo por cá ao nível da música extrema? São cada vez mais as bandas portuguesas que conseguem um reconhecimento que há alguns anos seria impensável.
Isso deve-se ao facto que hoje em dia há boas bandas, há uns anos atrás nem por isso e também porque bandas como Decayed, C.C., Morte Incandescente, etc. abriram portas ao que se faz cá dentro. Não me tinha apercebido de tal coisa até começar a ouvir isto de pessoas lá fora. Com sorte as coisas continuarão a evoluir, a haver mais boas bandas e lançamentos mas nunca sairemos da “cepa torta” devido à “cromice” de certos individuos, que faz com que este meio seja simplesmente patético.
Sei que és uma pessoa com uma mente bastante aberta a outras sonoridades e influências. Achas que isso acaba por reflectir-se em Corpus Christii?
Sem dúvida, é dificil uma pessoa deixar de parte certos riffs e melodias que ouve em certas bandas, especialmente num periodo no qual esteja a criar nova música. Já por isso mesmo é que quase não oiço (Black) Metal quando estou a trabalhar, evito haver influências mas é claro que inconscientemente isso pode sempre vir a acontecer. De momento tenho ouvido bastante Amália Rodrigues, Ladytron, Portishead e Warning, pouco Black Metal visto que ainda estou a terminar o novo de Morte Incandescente e o debut de The Hanged.
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