terça-feira, dezembro 27, 2005

Em entrevista...THE SYMPHONYX

Persistência e amor à causa são duas das principais características que definem esta banda vimarenense. Com uma carreira que já celebrou uma década, os The Symphonyx editam agora o seu disco de estreia, «Opus I:Limbu», um marco no que diz respeito ao Rock Gótico e sinfónico "made in Portugal" que a Opuskulo procurou descobrir...
Estão satisfeitos com o resultado final deste vosso disco de estreia? Como têm sido as reacções até à data?

The SymphOnyx – O resultado final deste disco satisfez-nos bastante, tendo em conta as condições em que foi gravado. Sem grandes recursos financeiros, tivemos de nos fazer valer de alguns conhecimentos e amigos para podermos conjugar todos os elementos necessários à concretização do trabalho. Assim sendo, este disco acabou por se tornar uma agradável surpresa, mesmo para nós. O Daniel Cardoso (Head Control System) fez um trabalho competente, conseguiu captar eficazmente toda a essência da banda. O feedback que temos obtido, embora ainda algo ténue, já nos indicia uma receptividade bastante animadora por parte de quem ouve o disco. Há um grande interesse em saber onde e quando vamos tocar, fervilha a actividade em torno do projecto, havendo desdobramentos por parte de todos, banda e editora, para que as coisas funcionem em pleno.

Após a edição de «Psicofantasia», em 1997, acreditei que rapidamente editariam um disco de estreia. No entanto foi preciso esperar 8 anos para tal acontecer. A que se deveu tanta demora? Surgiram outras oportunidades para gravar um disco ao longo desses anos ou esta foi a primeira? Sentem-se de alguma forma injustiçados por a vossa carreira não ter tomado um outro rumo?

T. S. – Pode dizer-se que a nossa carreira está ainda no início, mesmo existindo há dez anos. Foram anos de muito sacrifício em que nos dedicamos, essencialmente, a construir património, fazendo trabalhos paralelos que nos rendiam mais do que propriamente tocar ao vivo e gravar discos. Nesta fase, temos uma maior consistência e os objectivos estão mais definidos e ao nosso alcance. Queremos, doravante, dar continuidade a este primeiro passo que é o “OPUS 1: LIMBU” e já há planos para novo disco e um futuro muito prolífero. A partir de agora, vamos procurar marcar definitivamente a nossa posição no mercado.

Apesar de nas vossas composições se escutar uma panóplia de instrumentos e vozes femininas, os The SymphOnyx apresentam-se apenas com 3 elementos oficiais. É mais fácil manter o núcleo duro da banda unido e convidar outros artistas para tocarem nos vossos discos sem, no entanto, figurarem como elementos oficiais do grupo?

T. S. – Os elementos convidados surgiram num contexto de definição de objectivos para este trabalho. Concebemos as ideias tendo sempre em conta o facto de termos de os incluir em vários momentos-chave do disco, por forma a enriquecer o produto final. O núcleo duro da banda continuará a ser composto por quatro elementos (com o técnico de som Carlos Martins), mas já há uma abertura da nossa parte, pois foram já incluídos no projecto mais três elementos (guitarra – João Pinheiro, voz feminina – Carla Ricardo e baixo – Tiago Abreu), os quais já poderão constar no próximo disco. Quanto às cordas, acompanham-nos pontualmente em concertos de maior visibilidade e quando os recursos financeiros de quem nos contrata assim o justificam.

De que forma pretendem transpor as partes tocadas por artistas convidados para o formato “ao vivo”? Utilizarão gravações?

T. S. – Em muitos espectáculos, iremos contar com a colaboração de todos, embora parte deles (quarteto de cordas) sob contrato. Aí, o nosso espectáculo terá um custo adicional para cobertura dessas despesas. Em locais mais pequenos, dificilmente poderemos levar o line-up de dez elementos, sendo previsível a exclusão das cordas que serão colmatados com samples adequados, mas de qualquer forma, estamos a seleccionar com rigor os sítios onde vamos dar espectáculos, procurando criar um estatuto próprio que nos permita dar definitivamente o salto qualitativo que desejamos.

Se pudessem escolher um país onde os The SymphOnyx tivessem nascido e vos garantisse um maior sucesso, qual escolheriam? Consideram que o mercado e a indústria musical portuguesa são, de facto, um entrave a um maior reconhecimento de bandas com valor que temos no nosso país?

T. S. – Embora o nosso estilo musical se encaixe mais nos países nórdicos, acreditamos que o mercado americano tenha os condimentos certos para levar mais longe o nosso trabalho. A Alemanha também seria interessante. De qualquer forma, já há resultados claros de uma primeira internacionalização do projecto, pois já temos assegurada a edição russa do disco e estamos em negociações com a Grécia. Portugal é um país pequeno e difícil, mas queremos também marcar pontos cá, para depois abordarmos melhor a perspectiva de exportação.

Os The SymphOnyx apresentam-se num contexto relativamente isolado no panorama musical português. Nem são Metal, nem são Rock, nem são Gótico…como definirias o vosso som? Achas que o facto de não existirem outras bandas dentro do vosso estilo vos dificultará a vida em termos de presença em cartazes de concertos, entre outras actividades?

T. S. – Existe actualmente uma maior abertura do mercado para géneros fusionados como o nosso. Abriu-se uma porta com o surgimento de projectos como Nightwish, Within Temptation ou mesmo Evanescence. Não pretendemos, de forma alguma, colar-nos a estes nomes, mas é inegável que, em termos de abordagem sonora, a mescla de influências traz-nos vantagens. Também não acreditamos que a música possa ser o resultado de um rótulo, pois antes disso, e acima de tudo, é música. De uma forma global, há uma maior aceitação de fusões de géneros, o que nos vem beneficiar. Pode ser que, de agora em diante, se concretize o nosso objectivo de inclusão em cartazes de festivais e outros concertos alvos de uma maior cobertura.

Sendo os elementos dos The SymphOnyx de uma faixa etária elevada comparativamente à maioria das bandas que edita discos de estreia actualmente, ainda sentem o entusiasmo e alimentam a ilusão que um jovem de 19 ou 20 anos sente quando vê o seu primeiro disco editado ou dá os seus primeiros concertos? A vossa relação com a música passa apenas como um “hobbie” ou ambicionam algo mais?

T. S. – A música não tem idade e o entusiasmo continua a ser o mesmo, apesar do tempo não perdoar. Temos, no entanto, a vantagem de perceber melhor esta indústria e como tudo funciona. O patamar de exigência já subiu mais um degrau, e temos o direito e o dever de exigir mais de nós próprios e do mercado que nos acolhe. Podemos confirmar uma crescente paixão em torno do nosso trabalho, quer da parte de quem nos apoia, quer da comunicação social que nos vai dando alguma atenção, o que nos deixa extremamente satisfeitos.

O que têm planeado em termos de actividades de promoção a este disco a curto/médio prazo?

T. S. – No imediato, há actividade prevista para Janeiro e Fevereiro, com um concerto a 14 do primeiro mês do ano e a 4 do segundo. Esta última data servirá de concerto de lançamento, a acontecer em Guimarães, no Teatro Oficina, e será recheada de surpresas. Estamos ainda a fazer a nossa agenda de espectáculos, mas há previsões para um ano de 2006 bastante preenchido, com os The SymphOnyx a regressarem em pleno à actividade.

Palavras finais…

T. S. – Um óptimo ano de 2006 a todos os leitores da opuskulo e acreditem na boa música portuguesa, pois ela anda aí. É só abrir a porta do limbo…

Sem comentários: