segunda-feira, julho 24, 2006

em entrevista...IF LUCY FELL

Tendo sido considerados por muitos como a grande revelação do ano 2005 no que à música alternativa diz respeito em Portugal, os If Lucy Fell não se encostaram a esse estatuto e continuaram a trabalhar e a evoluir, espalhando o caos por inúmeros palcos em todo o país. Em vésperas de pré-produção do sucessor de «You make me nervous», o Opuskulo falou com o baterista Hélio Morais e procurou conhecer melhor esta promissora e peculiar banda.



Satisfeitos com as reacções a «You make me nervous» ?

Sim, bastante. Estávamos bastante expectantes em relação ao que iriam escrever acerca do álbum, uma vez que sabíamos que não era um álbum "fácil". No entanto, tivemos reviews de todo o tipo de imprensa e bastante positivas. E é com a mesma expectativa que estamos agora à espera das reviews fora de Portugal, uma vez que o álbum está prestes a ser editado no resto da Europa (setembro).

Iniciaram a vossa carreira há cerca de dois anos mas já detêm um estatuto de culto na cena alternativa nacional. Qual o segredo ?

Bom! O estatuto de culto é algo que pode ser relativizado. Temos neste momento aquilo que consideramos ser uma boa base de público a apoiar a banda nos concertos. Quanto a segredos, acho que o segredo é mesmo não termos grandes segredos (redundância descarada). Não somos uma bandas de grandes mistérios. Acho que somos bastante sinceros naquilo que fazemos e talvez seja por aí que a coisa pegue. Acho que a maneira como encaramos cada concerto pode ser a resposta a esta pergunta.

Consideras que o estilo no qual os If Lucy Fell se movimentam poderá ser associado a uma moda passageira (à qual se resolveu chamar de Metalcore) ?

Não. If lucy fell não tem a mínima semelhança com bandas como Killswitch Engage ou outras catalogadas como metal core. If lucy fell é uma banda de rock que se movimenta em vários meios. Tanto tocamos com bandas de hard core como com bandas de rock, indie, etc. Recentemente temos até tocado mais no meio rock alternativo do que no meio hard core.

Figura incontornável na banda é o vocalista Makoto. Como veio parar à banda ? Sei que inicialmente começou por ser o vosso produtor…

Sim, foi assim mesmo. Ele produziu a demo e mais tarde acabou por se juntar à banda. Já era nosso amigo há uns anos e uma vez que estava sem banda e toca uma série de instrumentos, achámos que era a escolha mais acertada.

O vosso objectivo passa por tocarem de uma forma cada vez mais complexa e técnica ou acham que isso não faz sentido a partir do momento em que isso contradiz o formato canção ?

O nosso objectivo passa por fazermos as melhores músicas que conseguirmos fazer, desde que as gostemos de tocar. Nunca nos preocupámos muito com a complexidade das mesmas. O que é importante é mesmo continuar a tirar prazer da música. E não dizemos isto de uma perspectiva romântica da coisa, mas sim da única perspectiva viável para a existência dos if lucy fell.

Estiveram pela primeira vez no SBSR…como correu esse concerto ? O que vos transmite mais vibrações…um concerto num festival como o SBSR ou num espaço fechado e intimista ?

Estivémos e adorámos. Estava imensa gente e o público ajudou bastante. Os concertos são todos diferentes uns dos outros. Há aspectos positivos nuns e noutros. Se por um lado nos agrada bastante tocar para milhares de pessoas, por outro, agrada-nos bastante o contacto directo com o público, algo que é uma constante nos concertos de clube.

Assiste-se actualmente a um fervilhar de novas bandas no nosso país que começam já a formar um movimento alternativo ao Metal e ao próprio Hardcore. Concordas ?

Sim. Acho que já começa a haver o hábito das pessoas frequentarem concertos rock e em Portugal. Há tantas boas bandas deste género tão abrangente, que é com imenso contentamento que o constatamos. O hard core sempre foi um meio em que havia esse hábito. Chegava a ser estranho teres bandas rock com enorme destaque por parte da imprensa e depois ires a um concerto de uma banda de hard core de que ninguém falava e o concerto estar mais cheio que o dessas bandas. Hoje em dia acho que está a tender para o equilíbrio. Tens imensa gente a frequentar concertos rock e imensa gente a frequentar concertos mais ligados ao hard core. Disto tudo só temos a concluir que o underground em Portugal está bem e recomenda-se.
Julgo que no meio desse movimento os If Lucy Fell acabam por assumir uma identidade muito própria e única no nosso país. Achas que isso constitui uma mais valia para a banda ?

Sim e não. Por um lado desagradamos imenso aos adeptos típicos do hard core por supostamente sermos "freaks" (ainda hei-de perceber um dia o que quer isso dizer). Por outro, essa mesma diferença do nosso som para as bandas habitualmente conotadas como hard core, abriu-nos as portas para uma série de pessoas mais viradas para o indie rock e bandas mais experimentais. Mas sinceramente, não nos preocupa muito o tipo de pessoas que vai aos nossos concertos, mas sim a sinceridade com que o fazem.

Quanto a futuras edições…o que podemos esperar ? Há já algo a ser delineado ?

Em Agosto vamos fazer a pré-produção do próximo álbum que há-de ser gravado no fim do ano. Desta vez queremos fazer as coisas com bastante mais calma para poder haver uma maior e mais concertada promoção. Entretanto, temos a edição europeia para Setembro como já referi acima.

Últimas palavras…

Apareçam nos concertos, comprem merch, mostrem aos amigos, etc. Façam com que a cena musical portuguesa cresça. O que não falta são boas bandas.

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