sexta-feira, março 09, 2007

em entrevista...ANOMALLY

Terra de estonteante e inquestionável beleza, os Açores são também um verdadeiro viveiro de talentos no que à música de peso diz respeito. Sempre atento ao que se vai passando nesse território insular, foi com satisfação e alguma surpresa que tomei conhecimento dos ANOMALLY, banda que começa a dar os seus primeiros mas seguros passos. O Opuskulo quis conhecer melhor este projecto. Fica o resultado.





Tendo em conta que são um nome desconhecido para a generalidade do público, apresenta-nos os Anomally…

Os Anomally são uma banda de Death Metal melódico com influências góticas proveniente da ilha Terceira que surgiu em 2005.

Editaram recentemente a vossa primeira demo, no entanto sei que a ideia inicial era para que este registo fosse mais para”consumo interno” da banda, certo? O que levou à mudança de estratégia?

Foi à praticamente um ano atrás que editámos a nossa primeira demo. Um trabalho produzido pela própria banda apenas com o intuito de ouvir como estavam a ficar os temas por nós compostos até então. Devido aos fracos recursos possuídos por nós no que diz respeito a equipamento para gravação e claro está, pela falta de experiência neste campo a gravação ficou longe daquilo que pretendíamos a nível de qualidade sonora. No entanto após concluída a gravação e edição dos temas gravados foi de opinião da banda aproveitar aquela gravação para fins promocionais tendo em conta que ninguém nos conhecia e que seria complicado gravar algo melhor do que aquela demo, assim sendo esta seria uma boa aposta para dar a conhecer os Anomally.

Que reacções têm recebido a este trabalho de estreia?

Apesar de termos apostado neste trabalho de estreia para promover a banda, inicialmente não tivemos muita oportunidade para o divulgar. Isso deveu-se ao facto de primeiro querermos captar a atenção do público da nossa ilha e, devido ao facto de não temos ninguém paralelo à banda que nos ajude nesta área torna-se complicado preparar concertos e ao mesmo tempo tratar de toda a divulgação. Felizmente foi possível ainda durante o verão promover um pouco esse nosso trabalho de estreia por outras paragens que não a nossa ilha. As críticas foram sempre muito positivas tanto por parte da imprensa local, onde fomos considerados a melhor revelação de 2006 nos Açores como por parte de rádios continentais onde foi divulgado o nosso trabalho. Temos consciência de que a qualidade sonora deste nosso trabalho está longe daquilo que pretendíamos e é precisamente por este factor que não apostamos em promover ainda mais mas mesmo assim acho que o resultado dessa pequena promoção foi bastante positivo para a banda e é satisfatório ver que todo o trabalho de divulgação foi bem recompensado.

Está já a ser preparado o seu sucessor? O que nos podes adiantar em relação a isso?

É com grande satisfação que posso dizer que material não nos falta para o sucessor. Dentro em breve serão colocados online em www.myspace.com/theanomally três novos temas produzidos mais uma vez pela própria banda, mas apenas com a intenção de mostrar algo novo, mostrar que estamos mais vivos do que nunca. Esta gravação nem será utilizada para divulgação pois prevê-se para o fim do verão entrarmos finalmente em estúdio como já referi. Ainda não posso adiantar nada em concreto nem em relação a datas nem ao estúdio mas tudo indica que em Setembro estaremos de malas e bagagens para o Porto onde iremos gravar 3 temas e ai sim, iremos apostar em grande na divulgação deste novo trabalho pois por aquilo que já ouvimos de gravações do estúdio que pretendemos gravar, tem uma excelente qualidade e tendo um trabalho nas nossas mãos com o nível que em principio ficará já nos sentiremos mais à vontade para o promover sem correr o risco de sermos penalizados devido à qualidade de gravação.


Sendo provenientes dos Açores, julgo que não ficam imunes às mesmas limitações que outras bandas insulares alegam…

Basta ver o facto de termos de ir ao Porto para gravar. Na ilha Terceira o único estúdio profissional que existe a pessoa que está responsável por ele não tem rigorosamente relacionamento nenhum com metal e por isso preferimos nem arriscar pois corríamos o risco de acabar com uma gravação completamente diferente daquilo que pretendíamos. Felizmente já começam a aparecer alguns estúdios em S. Miguel mas mesmo assim continua a ser tão complicado para nós ir gravar a S. Miguel como ir gravar a um estúdio no continente tendo em conta que uma passagem para S. Miguel custa quase tanto como uma para o continente, isso para não falar nos preços que acaba quase por sair mais em conta ir gravar ao continente. No que diz respeito a divulgação acho que muita coisa mudou. A Internet veio dar um grande auxilio quebrando as barreiras que antes existiam, no entanto acho que se pode tornar uma faca de dois gumes pois qualquer pessoa pode gravar seja o que for e colocar online, mesmo que não tenha qualidade absolutamente nenhuma e a meu ver isso pode acabar por prejudicar aqueles que realmente trabalham arduamente com o intuito de algum dia conseguirem o tão desejado contrato. De momento continuo a achar que cá nos Açores há boas bandas mas infelizmente aquilo que vejo é que para além de estarmos um pouco limitados pelo facto de sermos dos Açores também há alguma falta de força de vontade por parte das bandas que parece que continuam à espera que lhes caia tudo do céu.

Concordas se eu disser que uma banda nas vossas condições, oriunda de uma ilha, tem de se esforçar o dobro para alcançar o mesmo que uma banda do continente alcança?

Sem dúvida. Esta questão vem de encontro ao que acabei de exemplificar em relação à gravação de um registo num estúdio profissional. Enquanto que para qualquer banda do continente basta apanhar o comboio ou até tem mesmo a sorte de ter um estúdio na sua terra para poderem gravar, para nós, oriundos dos Açores temos sempre de contar com as passagens que cada vez são mais caras e os apoios são nulos. Mas este é apenas um exemplo, porque quem fala em gravações fala também em actuações, concursos realizados no continente, tudo coisas que para nós se torna impossível participar. De qualquer maneira, não é por isso que desistimos de fazer aquilo que mais gostamos, e talvez por essa razão, nos dê cada vez mais vontade de mostrar aquilo que fazemos a quem nos dê o devido mérito.

No entanto, apesar das dificuldades, os Açores continuam a oferecer um leque interessante de bandas, embora a longevidade das mesmas seja normalmente reduzida…Concordas?

As bandas açorianas têm vindo a mostrar que apesar de estarmos aqui “isolados” temos tanta ou mais capacidade do que algumas bandas provenientes do continente. Infelizmente é uma triste realidade o facto de estas não conseguirem levar avante aquilo que tão bem sabem fazer. Neste momento a banda mais antiga dos Açores são os Morbid Death que contam já com 17 anos de carreira e 4 álbuns já editados. Mas ficaram para trás bandas como Obscenus, Luciferian Dementia, Sanctimoniously, Gnosticism, Gods Sin, tudo bandas que na altura em que estavam activas deram provas de que se tivessem continuado seriam sem dúvida um grande orgulho para todos os metaleiros açorianos. O facto de termos de ir estudar fora da nossa ilha, a falta de motivação devido à falta de concertos, à dificuldade em gravar algo decente, a dificuldade em encontrar os membros certos para as bandas são os principais factores apontados como responsáveis para este problema. Extinguem-se umas surgem outras e a meu ver este ciclo vai manter-se, pois os factores infelizmente tendem em permanecer ao longo destes anos e dificilmente serão ultrapassados. Mas mesmo assim ainda temos alguns exemplos de bandas que contam já com alguns anos de carreira tais como Morbid Death, In Peccatum que já existem desde 1998 mas que infelizmente continuam sem uma boa gravação que os leve mais além pois é uma banda a ter em conta, Enuma Elish que conta já com 12 anos de carreira, Hiffen activos desde 1996, Manifesto formados em 1997. Entre estas encontram-se bandas mais recentes que tenho a certeza que ainda levarão o seu nome e o nome dos Açores bem mais longe do que aquilo que se possa pensar. Nós estamos a trabalhar para isso e espero que não sejamos mais uma banda a ficar na história apenas como a banda que já acabou mas que na altura tinha muito para dar.

Podemos esperar uma visita dos Anomally ao continente para algumas actuações?

Existe uma enorme vontade da nossa parte em actuar no continente, mas como podes imaginar torna-se extremamente complicado para nós suportar todos os custos que acarreta uma actuação fora da nossa ilha. De qualquer maneira estamos dispostos e seria um grande prazer para nós poder actuar no continente. Os objectivos da banda no ano transacto foram praticamente todos realizados, para este ano faz parte dos nossos planos pelo menos uma actuação no continente, uma em S. Miguel e claro está uma gravação em estúdio profissional. Tendo em conta que recentemente foi-nos feita uma proposta por parte de uma agência em que um dos pontos seria organizar alguns concertos no continente pode ser que esse objectivo seja cumprido. No entanto não é nossa politica actuar em determinado sitio sem que antes haja uma acção de divulgação, por essa razão pretendemos primeiro apostar um pouco na divulgação da banda pelo continente pois temos noção de que são poucos os apreciadores de Metal que nos conheçam, no entanto se eventualmente surgir essa oportunidade obviamente não a poderemos recusar, falta só mesmo é alguém que mostre interesse e que apresente uma proposta para que nós actuemos no continente.

Últimas linhas…

Queria agradecer o facto de nos ter sido dada esta oportunidade para apresentar e divulgar uma banda desconhecida pela grande maioria e já agora sugiro que dêem uma vista de olhos no nosso site oficial
www.anomally.com e ainda no site www.myspace.com/theanomally e estejam atentos pois dentro em breve serão colocados novos temas online.

Sem comentários: