sexta-feira, julho 20, 2007

em entrevista...HIPNOTICA

No regresso do OPUSKULO às entrevistas resolvemos desviar-nos um pouco das sonoridades mais habitualmente divulgadas nestas páginas e concentrar atenções em paisagens mais alternativas e de fusão. Os eleitos foram os portugueses HIPNOTICA, banda que condenada a ver os seus discos tornarem-se referências no música alternativa portuguesa, sendo que a novidade «New Comunities for Better Days» não constituirá excepção. Aqui fica o relato da conversa mantida com a banda.

Cada disco que editam figura automaticamente entre os melhores do ano. Isso coloca-vos algum tipo de pressão na hora de compor um novo disco?

Não propriamente, a maior pressão que sentimos quando partimos para a composição de um novo álbum é o desafio de fazermos sempre melhores musicas. Ao início há sempre muita discussão para definir os caminhos que queremos percorrer, mas depois há factores incontroláveis associados com a inspiração e a criatividade, a junção desses factores imprevisíveis associada com o nosso empenho é que vai moldando o resultado. É bom que haja uma certa tensão sempre presente.

Quais as maiores diferenças a assinalar entre este novo disco e o anterior?

É um disco com uma vertente mais rock e com momentos de explosão. Permanece a influência do jazz e da electrónica, mas mais diluídos do que no disco anterior. Também a componente melódica e harmónica dos temas foi mais explorada.

Em termos de colaborações exteriores e novas experimentações parece-me um disco mais ambicioso. Concordam?

Sim, buscamos sempre pessoas com as quais possamos estabelecer afinidade musical e criativa e isso tem acontecido com músicos de diversos países e de diversas tendências. Mas como disse anteriormente, a ambição é em primeiro lugar associada à música. Temos tido sorte de encontrar excelentes músicos que se prontificam a compor connosco e a alargar a nossa comunidade.


Em termos líricos, o que aborda este disco?

Relações entre pessoas, amigos, amantes, observação social, os rumos que podemos tomar, fragmentos de histórias como curtas metragens, alguns elementos surrealistas e algumas expressões mais poéticas.


Apesar do sucesso em Portugal que têm vindo a alcançar o mesmo não se tem verificado a um nível internacional. Porquê?

O tema dos outros mercados é recorrentes, mas temos tido alguns resultados, como por exemplo a recente edição de 1 tema numa compilação de uma editora japonesa que é a KSR ao lado de nomes como os Koop, Andy Caldwell e os The Poems. É uma luta difícil e desigual pois grande parte dos países europeus já perceberam que a exportação da sua música é uma forma muito eficaz de promover a imagem do próprio país. Não há só bons jogadores de futebol em Portugal, há grandes bandas e que numa acção concertada e com subsídios bem aplicados poderiam por Portugal no mapa europeu.

Que reacções vos chegam do estrangeiro?

Quando a nossa música lá chega, a opinião é excelente e aliás conseguimos chegar às pessoas que gostam das bandas e da musica que nós também gostamos de ouvir o que é um óptimo termómetro para nós. Pelo MYSPACE que é um dos meios mais eficazes de lá chegar essa é a percepção que temos tido, aliás temos vendido alguns álbuns através desse tipo de meios.


Qual a vossa opinião quanto ao actual estado da música alternativa portuguesa? Pode dizer-se que existe um movimento cada vez mais forte e organizado?

Nem por isso, há boas bandas, algumas iniciativas já bem estruturadas, mas o circuito de concertos ainda é limitado em termos de condições e o acesso aos media, tirando algumas louváveis excepções, ainda é muito escasso. Ultimamente a Internet tem servido para proliferação de sites e páginas dedicados à musical nacional e o próprio youtube e myspace permitem circular os vídeos que as bandas produzem e que muitas vezes não tinham acesso a nenhum canal de televisão.
A vossa sonoridade contempla um cocktail de diferentes paisagens musicais. Como definiriam o vosso som?

Cocktail molotov? …Perguntas difíceis ( risos). Como diria Dizzy Gillespie “a musica fala mais alto do que as palavras”.

O que podemos esperar da vossa parte em termos de concertos? Alguma digressão planeada?

Estamos a planear uma tour nacional a iniciar em Setembro e a prolongar-se até ao fim de Novembro.

Últimas palavras…

Que as pessoas procurem a nossa música , pode ser através do www.myspace.com/hipnoticapt , que façam download nos P2P, que gravem dos amigos, enfim que a ouçam ….se realmente gostarem e se vos “entrar”, comprem o original que é que nos permitirá continuar discos.
Peace&love

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