O post-rock instrumental tem vindo a conhecer no nosso país um desenvolvimento assinalável, sendo de realçar as diversas edições que surgiram dentro deste espectro recentemente. «Vago», a estreia dos KATABATIC, foi uma das que causou maior supresa pela qualidade e sensibilidade da sua música. O Opuskulo não quis deixar passar a oportunidade de conhecer melhor esta promissora banda.
Que tal as reacções a «Vago»? Superaram as vossas expectativas?
A partir do momento em que ficou disponível no myspace e também nos concertos, começámos a obter várias reacções e comentários positivos. Um pouco por todo o mundo o EP foi sendo “distribuído” e fomos estabelecendo diversos contactos entre editoras (Japão, Estados Unidos, Alemanha), promotores (Porto, Espanha), bandas e público - foi uma grande ajuda para uns primeiros passos mais consistentes. Podemos dizer que foi um bom suporte para comunicar a nossa primeira experiência de gravação mais a sério. Queríamos mostrar o que fazíamos em estúdio até então, depois de muito tempo de procura por uma sonoridade própria.
A vossa sonoridade pode ser definida como envolvente e contemplativa. Concordam? Quais as principais influências para a criação desta sonoridade?
Sim, concordamos. Grande parte das músicas têm drones e algo de psicadélico na repetição de riffs e criação de ambientes... Percebemos facilmente como esses adjectivos possam descrever a nossa música. É difícil indicar especificamente aquilo que nos influencia na composição das músicas. Acho que as nossas influências acabam por ser uma reunião de várias experiências, aquilo que vemos, ouvimos ou sentimos. Acho também que somos bastante influenciados pelo próprio processo criativo, ou seja, pelo feeling que um riff inicial dita ou pelas ideias de estrutura que sugere.
O pos-rock instrumental no qual se inserem parece estar a conhecer um impressionante reconhecimento nos últimos anos. Os Katabatic são um fruto desse “hype” que se vive em torno do estilo ou a vossa existência e ideais enquanto banda já estavam definidos mesmo antes deste estilo conhecer uma maior divulgação?
Falar em hype é muito subjectivo, porque são os media que utilizam o hype para comercializar, massificar e lucrar com música - só por isso se definem obrigatoriamente “estilos de música”. Pensamos que as bandas ao seguirem esse caminho estão a condenar a sua existência a regras pré-estabelecidas e a dogmas desnecessários e não a fazer música como veículo artístico. Os Katabatic nunca fizeram nada forçado, nunca tivemos de criar para sobreviver ou sustentar “máquinas” comerciais. Fazemos aquilo que gostamos e que na altura nos inspira. Estivemos muito tempo a construir a nossa identidade e fazemo-lo de uma forma descomprometida, o que nos garante definirmos o nosso próprio espaço e espectro sonoro. Não queremos que isto seja entendido como algo pretensioso ou aspiracional, apenas nos divertimos com aquilo que fazemos sem qualquer necessidade de seguirmos um movimento ou hype. O nosso primeiro concerto com esta formação foi em 2003 e nessa altura este movimento era quase inexistente em Portugal. Bandas como os lemur ou bypass, com quem tocámos nesse concerto, são duas das poucas bandas com quem nos conseguiamos associar um pouco estilisticamente há alguns anos atrás.
Em Portugal parece estar a assistir-se a um enorme interesse em torno deste estilo. Prova disso são as várias bandas que têm editado trabalhos nos últimos meses. Como encaram isso?
Para nós é positivo porque eventualmente surgirão também mais oportunidades de concertos e de promoção da banda em geral. É sempre bom saber que há mais pessoas que partilham dos mesmos interesses musicais que nós.
Encaram o trabalho de bandas como Riding Pânico ou Catacombe como concorrência ou como um estimulo à troca de ideias e ao crescimento do estilo?
Conhecemos os Riding Pânico nos Black Seep Studios, onde viemos também a conhecer mais bandas e mais pessoas que partilhavam pontos de vista parecidos com os nossos quanto à forma de sentir e pensar a música. Há muito de familiar naquele local. Quando começámos a ensaiar ali rapidamente nos apercebemos que era um espaço diferente, onde conseguiamos trocar ideias com facilidade e isso é algo que nos estimula bastante para crescer como banda. A nossa relação com os Riding Pânico só pode ser interpretada nesta perspectiva de apoio e amizade. Catacombe conhecemos via myspace e também temos mantido contacto para futuras colaborações. Na verdade acho que nós nem temos muito a dizer sobre o estilo... No nosso ponto de vista é sempre bom estarmos rodeados de pessoas que estão a construir coisas diferentes. Isso dá-nos a oportunidade de assimilar universos distintos e inovadores. Estamos mais interessados em desenvolver a nossa “voz” e em diversos desafios criativos que nem têm de estar necessariamente ligados à música.
Ponderariam a inclusão de um vocalista na vossa sonoridade? Conseguem imaginar como soaria?
Talvez sim, talvez não... O futuro o dirá mas não é algo em que pensemos actualmente. Algumas das nossas músicas têm vocalizações.Conseguimos imaginar como soaria porque já tivemos uma voz feminina na banda. Chegámos a dar um concerto onde tocámos alguns temas instrumentais e outros com voz.
Podemos contar com uma edição dita mais profissional dos Katabatic para breve?
Podemos contar com uma edição dita mais profissional dos Katabatic para breve?
Sim, no entanto não temos ainda uma data definida. É bastante provável que tenhamos novidades ainda este ano, mas podemos adiantar que ainda não será um albúm.
Como encaram o estado actual da música alternativa nacional? Parece que nunca conheceu um momento tão profícuo, na minha opinião. Concordam? Acham que poderão beneficiar deste momento?
A nossa opinião é que a música alternativa nacional tem vindo a melhorar progressivamente e isso é em grande parte um reflexo da qualidade das gravações que se têm feito e também da própria originalidade das várias bandas incluidas neste nicho.Sendo estes dois factores muito importantes e influentes em quem procura ouvir música nova, achamos que também nós podemos beneficiar deste momento.
O que podemos esperar dos Katabatic em breve?
Para além das datas agendadas para Setembro (razão pela qual não podemos deixar de agradecer ao André da Amplificasom que tem feito um esforço enorme para que as coisas aconteçam) pensamos em gravar outra edição com novos temas que temos vindo a desenvolver e que iremos tocar nesses próximos concertos. Talvez menos leve vs pesado e mais dos espaços intermédios.
Últimas palavras…
Temos algumas datas de concertos marcadas - visitem o nosso profile no myspace (myspace.com/katabatic) para saberem os detalhes e apareçam se puderem. Muito obrigado pelo teu interesse e apoio!
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